4.8.11

A crise americana pra quem não tem saco de ler jornal

Na minha formatura jurei fazer com que as pessoas compreendessem o sentido da comunicação na sociedade. Pretensão desmedida à parte, é isso que eu vim fazer aqui hoje. Eu imagino que tem uma galera que não sabe muito bem o que tá acontecendo nos Estados Unidos por que tem preguiça de ler a Miriam Leitão no jornal. Entendo. Eu também tenho. Mas às vezes me bate um peso na consciência por ter jurado aquele bando de coisa na colação e não fazer nada a respeito. Então, queridos leitores, hoje eu vim fazer valer o que prometi quando virei comunicóloga,  portanto eu garanto,  assim,  bem curta e grossa, que quem chegar ao final desse post vai entender what the hell is going on na economia americana.
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Há muito tempo os EUA vem gastando mais do que podem, emprestando mais do que podem, e se achando mais do que podem. 

Lembra aquela crise no mercado imobiliário? Aquela que geral pediu dinheiro emprestado pra comprar casa, depois não teve como pagar, e bancos começaram a quebrar? Então. Os EUA tavam se achando demais. Acharam que podiam dar crédito pra todo mundo, pois, culturalmente, o povo americano era bom pagador. Mas o povo americano, movido pela cultura do consumo frenético, começou a se endividar mais do que podia, e começou a dar calote nos bancos. E os bancos nas empresas. E as empresas nos funcionários. E neguinho começou a ser mandado embora. Ninguém pagava ninguém. E nessa bola de neve tava todo mundo ferrado na terra do Tio Sam.


O Obama assumiu a presidência com essa batata quente na mão. O pais tava quebrado. O cara precisava consertar aquele déficit enorme, e, pra isso, precisava arrecadar mais e gastar menos. 


Só que o Obama é de esquerda. Muito de esquerda. É o presidente mais de esquerda que os Estados Unidos já tiveram. Além disso ele é preto. Pra completar, ele se chama Barack Hussein. Como todo bom democrata, ele defende o aumento da presença do Estado, e quer que os mais ricos paguem mais impostos. Obama, portanto, chegou incomodando muita gente. Menos eu a Oprah, claro. Mas isso é outra história. 



Obama, então, desde que assumiu, incomoda um pessoal. Principalmente aquele bando de reacionários de olho azul (perdoem a licença poética preconceituosa) que não suportam pobre nem imigrante, que defendem o porte de arma e que batem no peito pra falar dos “valores da família”. Isso, aliás, me lembrou a nossa “Marcha da Familia com Deus pela Liberdade”, feita pelos conservadores em São Paulo antes do golpe militar. Mas isso é outra história.

O que acontece é que os reacionários americanos, intitulados republicanos, resolveram agora se juntar num clubinho chamado “Tea Party” (ah, que fofo), e esses idiotas defendem que o Estado não deve gastar com politicas publicas, que os impostos para os ricos não devem ser mais altos que para os pobres, e que as Forças Armadas são prioridade nos gastos do governo. Tudo isso com o simpático bordão “não mexa comigo”. Gente boa essa galera, né?
Além de tudo contrataram um designer bem cafona pra fazer a logo, repara só. Mas isso é outra história.



 Essa robusta cobra de direita, aliás, me lembrou os preceitos daquele psicopata norueguês que matou um bando de inocente em nome da moralidade. Mas isso é outra história.






Retomando. O clubinho do chá não deixa Obama governar, assim como tentaram com Clinton, explanando aquele boquete. Mas isso também é outra história. 


Como eu estava dizendo, os republicanos embarreiram as pretensões democratas no Congresso, deixando de lado o que é melhor para a nação em troca de um individualismo ditatorial, ultrapassado e xenófobo. Pra vc sentir o drama, a musa do Tea Party é a Sarah Palin. Prefiro um milhão de vezes a elegância dos tailleurs da Michelle. Mas isso é outra história. 



O que acabou acontecendo é que, aos trancos e barrancos, Obama conseguiu aprovar um aumento do teto da dívida publica. Isso quer dizer que o governo vai poder se endividar mais, e, assim, vai ter mais dinheiro pra investir. Só que os republicanos (os do chazinho) não vão querer que ele invista em políticas públicas. Nem vão aceitar aumento de impostos pros ricos. Assim o déficit vai alargar. E os mais pobres vão continuar a se ferrar. E a crise vai prolongar. E essa batata quente vai parar no bolso do industrial brasileiro. Mas isso, companheiro, é outra história.