4.1.10

Este samba é só porque ... Rio eu gosto de você


Final de ano é um troço meio chato. Não só por causa dos amigos ocultos, das rabanadas a mais na balança ou do especial do Roberto Carlos, mas, principalmente, por causa da invasão à minha cidade. Nessa época o Rio fica tomado por uma horda de pessoas histéricas que engarrafam o trânsito, jogam lixo na praia e inflacionam as festinhas, tudo isso impunemente, com aquela cara de “não fui eu” de turista.

Sei que devia estar agradecida por toda a grana que os turistas gastam aqui, pela alegria de seus espíritos e pela descontração de suas bermudas, mas, simplesmente, não consigo. Uma antipatia parisiense toma conta de mim nessa época, e eu fico bufando nas filas dos restaurantes, reclamando da falta de espaço na areia e maldizendo a árvore de natal da Lagoa: não consigo esconder meu ciúme do Rio de Janeiro.

Meu sangue leonino ferve. Tenho vontade de fechar a Lapa, aquela vadia, que toca seu samba pra qualquer um que chega. Se bobear, num rompante, eu quebro o bondinho de Santa Teresa, taco fogo na Floresta da Tijuca e armo um escândalo em pleno almoço da Colombo, velha safada que só quer saber dos forasteiros. Estou louca, mas louca mesmo pra que uma chuva forte estrague a praia no Posto Nove, acabe com a escalada na Pedra da Gávea e com o pôr do sol no Arpoador, aquele traidor! Quero que o Maracanã feche pra obras, e o Bracarense; pra balanço. Quero o Rio só pra mim.

Por isso, meus queridos mineiros, vamos lá, circulando! Está proibido tirar foto do Cristo. Prezados paulistas, tá na hora da ponte aérea, chega de fazer carão no Sushi Leblon. Curitibanos e adjacências, na Mangueira não tem ar condicionado, portanto, podem voltar pra casa. Bye, Bye, dear gringos, I´m really sorry, but a Help fechou de vez.